A Palavra Forte
Kid Abelha
Eu tenho uma conversa esquisita
Meu vinho não é tão suave
Eu tenho um gosto sutil
Minha maçã não é tão vermelha
Eu tenho uma cor discreta
Eu falo baixo
Coisas pequenas
Pra pouca gente
Mas procuro sempre...
Minhas palavras não são tão certas
Eu tenho uma certeza esquisita
Meus sentimentos não são comuns
Eu sinto coisas que mudam
Meu corpo não é tão real
Eu ando, eu ando,
Eu ando por outros mundos
Meus desejos não são simples
Eu sonho, eu sonho,
Eu sonho com o impossível
Educação Sentimental
Kid Abelha
Os versos mais profundos
Eu roço no seu braço e passo sem mexer
Feliz por um segundo
É sempre a mesma cena
Só te ver no corredor
Esqueço do meu texto
Eu fracasso como ator
Só dou vexame
Fico olhando pros seus peitos
Escorrego na escada,
Acho que assim não vai dar jeito
Educação Sentimental
Eu li um anúncio no jornal
Ninguém vai resistir
Se eu usar os meus poderes para o mal
Eu treino a tarde inteira
O que é que eu vou falar
Quando eu estiver no telefone
Naquela hora em que o
assunto acabar
Não posso entrar em pane
Te levar pra cama e te dizer
coisas bonitas
Vai ser tão simples quanto eu vejo
nas revistas
Que falam de amor como uma coisa
tão normal
Como se não passasse de um
encontro casual
Irmandade Brasmorra
Precariedade na educação
Fica mais difícil do pobre aprender
Governo é o nome da corrupção
O pobre aprendendo ele perde o poder
O fato se repete (do ontem ao agora)
Bahia é o livro (o Brasil é a história)
Todo dia de manhã, o filho do barão toma café e vai pra escola
O fato se repete (do ontem ao agora)
Bahia é o livro (o Brasil é a história)
Filho do pobre então não tendo condição cata do chão e joga bola
O fato se repete (do ontem ao agora)
Bahia é o livro (o Brasil é a história)
Todo dia de manhã
O bairro do barão é servido de escolas que so tendem a crescer
O fato se repete (do ontem ao agora)
Bahia é o livro (o Brasil é a história)
Todo dia de manhã
Bairro do pobre então colégio estadual tem pouco para oferecer
Passagem pra Europa pro filho do barão
Um carro importado, pro pobre um carrinho de mão
E o filho do pobre por não Ter instrução
só consegue respeito
se vendendo para a corrupção
precisa de dinheiro
Para ser tratado como cidadão
O Professor letra
Quem com pó de giz
Um lápis e apagador
Deu o verbo a Vinícius
Machado de Assis, Drummond?
Quem ensinou piano ao Tom?
Quem pôs um lápis de cor
Nos dedos de Portinari,
Picasso e Van Gogh?
Quem foi que deu asas a
Santos Dumont?
Crianças têm tantos dons
Só que, às vezes, não sabem
Quantos só se descobrem
Porque o mestre enxergou
e incentivou...
É, só se faz um país com professor
Um romance, um croquis, com professor
Um poema de amor, dim dim
Um país pra ensinar seus jovens eh
É, só se faz...
Um romance, um croquis, com professor
Um poema de amor, dim dim...
Quem com pó de giz...
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